É a nossa festa, a festa do povo! A festa do Espírito Santo. Dos Impérios, das sopas, dos pães de massa sovada, das rosquilhas, das vésperas.
É a Festa dos regressos, se bem que temporários. Nesta quadra, cheira a sopas onde quer que nos encontremos. Aqui e lá fora, por essas ilhas abaixo e mais além, onde haja um lajense, um picoense.
Os Impérios fazem parte de nós, circulam como sangue nas nossas veias e alimentam o coração e a saudade dos que vivem fora, longe ou perto.
Hoje é Domingo do Espírito Santo, na Ribeira do Meio e por aí fora, de uma ponta à outra da Ilha. Outrora, junto à Capela, no Caminho Novo, era gente e mais gente, cheirando a vestido novo, a sapatos novos, camisas novas, mesmo que fossem com pano usado, vindo da América. Era a Festa da roupa nova.
A Filarmónica tocava junto à Pequena Capela, cheia de massa e iluminada pelas velas da Fé, o homem dos rebuçados e dos amendoins rodopiava, enquanto era dia, para servir mais um menino e menina.
Nestes dias havia sempre um escudinho, desviado à miséria, para ninguém se sentir envergonhado e dar um rebuçadinho ou pagar um copo a um amigo.
Neste dia, não havia foguete nem baleia que bufasse. Festa era festa, e - c'ós diabos!...- não se podia faltar a umas sopas, pois a carne era petisco só pelas festas, e havia que tirar a barriga de miséria. E, depois, não se podia desperdiçar a massa sovada para as torradas do inverno...
Ai tantas estórias que o Espírito Santo da nossa Alegria nos evoca, ainda hoje, mesmo com o coração cortado pelas saudades de tantos que já partiram...
Ontem na Silveira, - o primeiro Império do Pico -, hoje em quase todas as localidades da Ilha.
O Espírito Santo é assim: partilha, fartura, alegria, convívio e muita saudade dos rapazes e raparigas, homens e mulheres e sobretudo familiares
do meu tempo, que partiram para longe ou para o além...Boas Festas!!!