As novenas de Natal levavam os fiéis à Igreja de São Francisco, em noites escuras como breu. Iam e vinham de noite, acompanhados de lanternas com velas que iluminavam os caminhos, onde carros raramente passavam a não ser para levar o médico a um enfermo.
No interior do templo a capela acompanhada pelo orgão e violino, interpretava tradicionais melodias em latim, que anunciavam a proximidade da noite santa e do nascimento do Menino.
Entretanto nas casas, enfeitava-se altarinhos e os presépios tomavam forma deliciando a imaginação das crianças que mais não esperavam de presente senão um carrinho de lata da montra do sr. Edmundo ou uns rebuçados da mercearia, que não chegava dinheiro para mais prendas.
No dia da festa, a galinha guizada ou a carne assada no forno, compradas com uns dolares que tinham vindo da América, abriam o apetite a barrigas vazias durante a maior parte do ano, pois a soldada da baleia mal dava para pagar a farinha e o açúcar.
Foi assim durante anos e anos e recordá-lo agora não é mal, antes serve para os mais novos entenderem as vidas difíceis de seus pais e avós.
Um feliz e Santo Natal, na certeza de que Jesus veio para salvar todos qualquer que seja a sua raça, cor, religião, convicções sociais e políticas.