O Jornal Público, publica hoje um interessante artigo de José Vitor Malheiros sobre o anonimato na internet. O autor, considera que a possibilidade de anonimato é condição de liberdade. Não é por acaso que as democracias defendem o voto secreto.
Paradoxalmente ou não, o anonimato floresceu na Internet, último espaço onde se pode ser outro e explodir em heterónimos nas redes sociais que são os novos espaços de convívio global. O infeliz caso de Megan Meier e o julgamento de Lori Drew arrisca-se a resultar numa redução dessa liberdade. Descobrimos que dar um nome falso ou mentir sobre a idade na Internet pode ser crime.
Este é um tema recorrente neste e noutros blogs, sobretudo quando os leitores julgam que só a verdadeira identidade confere justeza a um comentário ou afirmação.
Daí haver quem não descanse enquanto não encontra os o real nome de anónimos e heterónimos.
É curioso que não se discute a opção de Fernando Pessoa e de outros escritores portugueses e estrangeiros por essa estratégia. Mas condena-se quem recorre ao uso dos pseudónimos (nomes falsos) para poderem afirmar a sua liberdade de expressão.
Nos meios pequenos, onde quase todos conhecem tudo sobre todos, é mais difícil ser-se igual a si próprio e demarcar o seu espaço. O habitual é não manifestar o que se pensa, com receio de fazer inimigos ou de provocar mal-entendidos.
Não questionar, nem criticar e pensar pela cabeça dos outros, dizendo Amen a tudo e a todos gera o desinteresse pela vida colectiva.
As sociedades que favorecem esses comportamentos, estão doentes e não promovem o espírito crítico, nem dinâmicas de desenvolvimento humano e social.
Post scriptum:
Face ao número de comentários, pergunto-me se o anonimato ou o pesodónimo merecem assim tanta repulsa, discordância ?!
É verdade que o texto, citando um artigo publicado no Público, teceu pontos de vista que não agrediram ninguém, como é norma neste blog.
Então porquê tanta discussão sobre as vantagens de dar a cara???
Não será porque é mais "saboroso" discutir pessoas que ideias?